domingo, 27 de fevereiro de 2011

Rodeios

Você conhece o tipo. É aquela que nunca diz diretamente o que sente por você. Os olhos dela transmitem desejo, os braços te seguram com firmeza, mas falar que é bom, não rola. Será que ela nunca vai se abrir, nunca vai falar? Menino, ela deixa um monte de pistas, você que não se dá conta. Ela morre de medo do que vem a seguir: esperar uma resposta. Ela não gosta de esperas. Ela esperaria se tivesse certeza do que vai ouvir, mas a dúvida mata-a lentamente. Ela já fez uma declaração, uma vez, mas sem resposta. Traumatizou. Ela prefere que você tome a iniciativa, se quiser. Ela quer que você leia os olhos, as mãos, os lábios. Ela não vai optar pelo "eu te amo" que você aguarda, com impaciência, todas as vezes que os seus olhos se encontram. O idioma que ela (não) fala é outro. Ela silencia para que falem por ela. Antene-se nos recados, em todas as palavras em que você tropeça e que foram largadas por ela bem no seu caminho, por onde você passa. Há mil maneiras de se fazer uma declaração.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Causas perdidas

Não aguento mais brigar por causas perdidas. Não tenho mais forças para discutir com as mesmas pessoas sobre os mesmos motivos que me irritam. E aquele blablablá todo que todo mundo erra, todo mundo é diferente, e todo mundo tem dias ruins não me sustenta mais. Por que eu sou obrigada a aturar tudo, em dias bons, ruins ou terríveis? Só porque eu disse que estou bem não significa dizer que estou.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

É preciso, às vezes

Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução. Em alguns momentos, botar tudo abaixo, pra voltar à construir do zero. Ter coragem de bater com a porta e apanhar o último trem no último momento, sem olhar para trás. Deve-se abrir a janela e jogar tudo fora: queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro (ah! que cheiro...), as mãos, a cor da pele. Apagar da memória sem medo de perder os registros pra sempre. Há hora de esquecer tudo: cada momento, cada minuto, cada passo dado junto e cada palavra. Cada promessa e cada desilusão acompanhada. É preciso, às vezes, atirar tudo com força pra dentro de uma gaveta e jogar a chave fora. Ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que esqueça o segredo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Just Married

Não sei aonde isso vai me levar, mas pela primeira vez não me importo. Não me importo porque é umas das primeiras vezes que eu me proponho a fazer algo por mim e pra mim. É a primeira vez que eu bato o martelo e não olho pra trás na esperança de ver alguém querendo me fazer mudar de idéia. Essa é a hora em que eu aceito os meus sentimentos e junto com eles, as minhas limitações. Aceito que eu sou uma pessoa como qualquer outra, e que também merece ser feliz, e não precisa ser anulada pra isso. Aceito que estou sofrendo, mas sofrendo por mim, uma chance de melhora pra mim. Aceito os defeitos das pessoas que me rodeiam, mas também aceito que estou aceitando porque quero, pois não sou obrigada a aceitar nada. Aceito não ter que pensar sempre. Aceito viver sem amarras. Ou aceito viver amarrada somente em mim. I do. Aceito. Eu me aceito. Acabo de me casar comigo. E a sensação é boa demais.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sou a definição do egoísmo na sua pior forma. Quero muito o que quero, na hora que quero, do jeito que quero. Se não for assim? Faço birra, bato o pé: ou é do meu jeito, ou não é.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Altos e baixos

Cansei de relacionamentos sem futuro, promessas que não serão cumpridas: chega de esperar. Eu quero certezas: pé no chão e mãos sempre em volta da cintura. Quero segurança, quero paixão, quero amor, quero tudo na mesma medida. Não quero implorar sensações, não quero insistir relacionamentos, não quero ter que esperar a vontade dos outros de suprir a minha cota de sentimento humano. Odeio ver pessoas sendo felizes, porque eu não consigo ser feliz só assistindo. Quero o meu pedaço do bolo, a fatia que foi destinada pra mim. Espero o dia que eu não dependa de altos e baixos. Até esperar de cansar

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Todo dia morre

Ela queria falar, mas o medo não a deixava. E se ela sofresse? E se ela chorasse na frente dele? Nada mudaria pra ele. Ela seria só mais uma em que ele deu o fora, ela seria só mais uma que ele não permitiu que o tentasse fazer feliz. E ela ficou lá, sem chance, sem oportunidade, sem poder mostrar a ele que a garota que ele precisava tinha acabado de jogar fora. Mas todo dia morre um amor, não é? Quase nunca percebemos, mas todos os dias um amor morre. Às vezes de forma lenta, quase indolor, após anos de rotina. Às vezes de surto, como nas novelas, com direito a brigas incríveis, capazes de acordar todos os vizinhos. Ou morre em frente à televisão de uma quinta feira. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos. Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, mensagens que começam a rarear, beijos que esfriam ao longo do tempo. Morre da mais completa e letal estagnação. Todo dia morre um amor, embora relutemos em admitir. Porque nada é mais dolorido do que a constatação do fim. De saber que, mais uma vez, um amor morreu antes mesmo de florecer e frutificar. Porque, por mais que não queiramos aprender, a vida sempre tem algo pra nos ensinar. E esta é a lição. Todos os dias um amor é brutalmente morto. Com os olhares atentos do tédio, da indiferença, da traição, da desconfiança. Presentes devolvidos (ou simplesmente jogados fora), o silêncio insuportável depois de uma discussão: todo crime deixa vestígios.
Torcemos apenas pra que nem todos os amores morram. Fiquem alguns. Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, das contas a pagar, da paixão que vai minando com o decorrer dos anos, das calcinhas penduradas no chuveiro, das toalhas molhadas sobre a cama e das brigas que não levam a nada, ressuscitam a cada fim de dia e duram: teimosos, belos, cegos e intensos. Pelo menos na nossa imaginação.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Como passa...

Eu sei, isso passa. Passa, e quando passar, algo triste vai acontecer: eu não vou mais te amar. É triste saber que um dia você vai passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder, arrepiar e embrulhar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz, te abraçar ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que sofrer por ele. O meu amor tá cansado, surrado. Ele quer me deixar, pra poder renascer depois, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto. Eu me agarro ao meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim. Eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista. E que eu sofra por amar você o quanto posso, porque se eu deixar de te amar, acabou.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Esperar

Esperar é uma coisa tão triste, sabia? Esperar dos outros, em especial. Esperar um gesto de carinho que não chega, uma palavra de amor que nunca vai ser dita, esperar uma atitude do outro que você teria... Passa o tempo. E mais tempo passa. Quanto tempo eu tenho? Não sei. Mas se soubesse, com certeza, não deixaria de esperar; e é tudo que eu faço. Esperar.