domingo, 25 de setembro de 2011

Se me pego distraída, é perdida em você. Ainda prometo descobrir se é a sua lembrança quem me distrai, ou se é a distração quem leva os pensamentos até você. A questão é que fico pensando, e pensando... Lembro de cada detalhe, qualquer coisa que me faça rir sozinha. Fico alimentando a saudade que cresce e continua crescendo até que meus braços estejam enrolados no seu pescoço. Sua falta me deixa agoniada de vez em quando... Eu me preocupo com qualquer idiotice, sinto sua falta antes do sono, e te durmo sempre dentro de mim. Isso você já sabe de cor. Mas prepare os seus ouvidos, porque enquanto for verdade, eu vou repetir, e repetir, e repetir...
Quero ouvir você falar da sua vida e sonhar com minha imagem no seu futuro, mesmo sabendo que eu provavelmente não estarei lá. Quero que ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos na praia. Quero que você descreva em detalhes da vista que teremos do mar e do jardim da nossa casa. Dos filhos que teremos correndo nesse mesmo jardim. E, que faça tudo isso enquanto passa as mãos nos meus cabelos... Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, é uma viagem. E que, talvez não seja nesta vida, mas nossa vez vai chegar. Fomos feitos um pro outro.
Havia a levíssima embriaguez de estarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se percebe que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles só respiravam o ar entre eles, para não descolarem os rostos, e ter esta sede de saliva era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo. Falavam e riam para dar peso ao amor, que de tão puro, era leve demais pra permanecer no chão: viviam no ar, viviam no amor. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles não se tocavam. Em pele. Mas se tocavam em pensamento, um sempre imaginando como descobrir mais um centímetro da pele do outro. E quando estavam separados, sempre imaginavam o que o outro estaria fazendo, se o outro comeu, tomou banho, se dormiu, no que estava pensando... Não sabiam ao certo quem eram, não conseguiam enxergar muito bem de tanta distância, mas acreditavam no que um fazia o outro sentir o tempo todo.... O timing era perfeito. 
A garota tinha vontade de dizer: "O teu sorriso é voador, mas transmite bondade e confiança. Transmite coragem, calma e bravura. O teu doce sorriso, embora rápido, penetra na minha alma sem esperança, me deixa quente de amor." Mas ao invés disso, sorria de volta. Sorria e o beijava, pensando: "Então, quando você me beijar, vai sentir o gosto da minha escrita, pois a fim de nunca esquecê-las eu trago todas as minhas palavras na ponta da língua..."

terça-feira, 20 de setembro de 2011

100

Quem diria que eu conseguiria externar 100 pequenos pedaços de mim em letras? Pequenos, porque ainda há tantos desses perdidos dentro de mim... Aprendi tanto, aprendi a me odiar, me amar, me conhecer. Agradeço sempre desde o dia que comecei a escrever. A razão que me trouxe aqui foi boa pra mim durante muito tempo, e hoje é melhor ainda! Parabéns pra mim pelo centenário de textos históricos da minha alma.

sábado, 3 de setembro de 2011

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo quando deveria falar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar. Faço brincadeiras de mau gosto, e sofro antes, durante e depois de te encontrar. Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar: pior é não ter presente e o passado se agitar pra sumir comigo no ar. Sumi porque não há o que se possa resgatar. Meu sumiço é covarde, mas atento. Sumir é um jogo de paciência. Pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado. Mas depois de um tempo, eu e você sabemos que eu vou voltar. Porque em vez de tentar escapar de certas lembranças, o melhor é mergulhar nelas e voltar à tona com menos desespero e mais sabedoria. Observar por fora o que acontece e entender: é o primeiro passo para a libertação. A vida é feita da memória. Às vezes, damos pra pensar que tudo que há de mais vivo foi aquilo que já se foi.
As pessoas mais importantes foram, sim, as que ficaram. E as que voltaram.