domingo, 25 de setembro de 2011

Havia a levíssima embriaguez de estarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se percebe que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles só respiravam o ar entre eles, para não descolarem os rostos, e ter esta sede de saliva era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo. Falavam e riam para dar peso ao amor, que de tão puro, era leve demais pra permanecer no chão: viviam no ar, viviam no amor. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles não se tocavam. Em pele. Mas se tocavam em pensamento, um sempre imaginando como descobrir mais um centímetro da pele do outro. E quando estavam separados, sempre imaginavam o que o outro estaria fazendo, se o outro comeu, tomou banho, se dormiu, no que estava pensando... Não sabiam ao certo quem eram, não conseguiam enxergar muito bem de tanta distância, mas acreditavam no que um fazia o outro sentir o tempo todo.... O timing era perfeito. 
A garota tinha vontade de dizer: "O teu sorriso é voador, mas transmite bondade e confiança. Transmite coragem, calma e bravura. O teu doce sorriso, embora rápido, penetra na minha alma sem esperança, me deixa quente de amor." Mas ao invés disso, sorria de volta. Sorria e o beijava, pensando: "Então, quando você me beijar, vai sentir o gosto da minha escrita, pois a fim de nunca esquecê-las eu trago todas as minhas palavras na ponta da língua..."

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