terça-feira, 2 de setembro de 2014

Invisível

Esperei que você me visse, mas você não me viu.

No caso de ser alguém que nunca parece que vai sair do lugar, já criei doutorado. As vezes sinto que sou invisível, porque ninguém vê o que eu sinto. As vezes pode ser porque eu sinta tanto que seja tudo tão mais forte pra mim. O que eu espero que aconteça, nunca acontece. Talvez precise parar de esperar.
Parar de acreditar que naquele jarro morto, nasce flor. Nascer como? Se não há mais quem regue aquela terra batida, sofrida, ressecada de tanto chorar pitangas. Toda vez que sinto muito, acabo afastando alguém de mim. Já não sei se é bom ou ruim.

Seria o meu jardineiro?

segunda-feira, 7 de abril de 2014

A menor paciência

Eu não preciso que ninguém me dê nenhum tipo de aviso
Eu não tenho mais a menor paciência pra isso
Eu não preciso que ninguém venha atormentar meu juízo
Eu não tenho mesmo a menor paciência pra isso

quinta-feira, 27 de março de 2014

Dessa vez não vou evitar dizer o que está na minha cabeça só porque eu sei que minha mente leonina vai negar no dia seguinte, não fugirei de palavras bonitas porque quem diz não é uma pessoa perfeita, não arrumarei mil defeitos pra brigar contra as novecentas e noventa e nove qualidades, não desviarei meus olhos por medo de ter minha mente lida, não sumirei por medo de desaparecer, não vou ferir por medo de machucar, não serei chata por medo de você me achar legal, não vou desistir antes de começar, não vou evitar minha excentricidade, não vou me anular por sentir demais e logo depois não sentir nada, não vou me esconder em personagens, não vou contar minha vida inteira em busca de ter realmente uma vida. Dessa vez não vou querer tudo de uma vez, porque sempre acabo ficando sem nada no final. Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronta pro primeiro capítulo.

Manequim


Desculpa minha maneira de dizer, assim, sem qualquer introdução ou motivo, mas você não mente bem. Quanto mais você tentou mostrar que não se importava comigo, mais deixou claro que toda a sua atenção da noite era pra mim.
Se dependesse de você, ficaríamos eternamente nos encarando sem chegar em lugar nenhum. Você se tornou o desafio perfeito e, confesso, sua embalagem prometia muito mais do que o produto realmente é. Fui eu quem cuidei da parte da atitude, da conversa, do momento certo. Acho muito cansativo ser responsável por tudo, então eu desisto de tentar te fazer humano. Pode seguir com sua falta de vida, cheio de pose e frases prontas.
Não vou passar dias te observando só porque você é lindo calado, não vou deixar você me cercar a noite toda e depois ir embora só porque dessa vez eu não devolvi o olhar e você ficou sem saber o que fazer. Você não sabe conversar e eu sou um poço infinito de palavras, jogadas na sua cara, mostrando que a falta de conteúdo pode sim te afetar. Era muito fácil com aquelas garotas, não? Um pouco de álcool, o que você faz da vida, vamos fugir de todo mundo. Mas e alguém de corpo e alma? Aí você desiste, porque no dia seguinte não tem mais o que falar.
No fundo eu sou de mentira, assim como você. E não é uma identidade que nos tornará real. Falta em você algum brilho, alguma individualidade, algo que te faça especial. Em mim esse brilho sobra e eu saio por aí espalhando, como se fosse bonito me perder em todo mundo só porque meu corpo não é suficiente pra me abrigar. E nós seguimos sendo nada, sendo só rosto marcante e nome fictício, enquanto você não descobre que eu leio sua insegurança e me disponho a curá-la e eu tenho preguiça de dizer.
Vou deixar você procurar em todas o que você só vai achar em mim, mas não vou te esperar. Quando você perceber, será tarde demais. Mas eu deixo você olhar, porque você é lindo calado e eu falo para um plateia inteira. Se algum dia Manequim for objeto de palco, a gente se encontra.

Talvez

Porque seus olhos são azuis e dá vontade de mergulhar. E eu não gosto de me sentir fraca. E porque quanto mais friamente eu agia, mais doce você era e isso me quebra, me derrete toda, não posso aceitar. E porque seria muito interessante saber o que é uma relação de verdade num momento como esse. Eu consegui imaginar minha família te conhecendo, isso pode ser um sinal. De fraqueza ou de destino, eu não sei. Existe mesmo essa coisa de destino? Porque os nossos se cruzaram e talvez isso tenha algum significado. Você quis ver através de mim e eu não deixei. Pedi pra parar de me olhar nos olhos, como sempre faço e você se esforçou muito pra compreender e pra estar comigo desse jeito, fingindo não estar. Não tente entender. Tem a ver com Édipo, tem um pouco de vergonha, tem a ver com seus olhos claros, com seu sorriso perfeito, com as linhas do seu rosto. Uma parte é medo da entrega, mas tem também uma lembrança do dia em que eu te conheci, bem antes de você me conhecer. Talvez seja a dúvida entre manter a solidão ou arriscar a vida de outra maneira. Pode ser. E pode ser que toda essa história tenha se desenvolvido nos dois segundos em que eu fechei os olhos e não precisei abrir pra saber que você estava lá.

domingo, 23 de março de 2014

Olha eu to sem sono já faz mais de um mês
Eu fico aqui passando em claro só pensando em você
Aqui
tá frio, tá sinistro eu não conheço ninguém

A vida é mesmo complicada demais
Lembro das palavras que você me falou
E dos conflitos que causei por ser do jeito que eu sou
A gente as vezes precisava ser um pouco melhor
Eu deixo o tempo resolver desta vez
Vou te encontrar ou te esquecer
Mudo meus planos pra ter você
E nada vai mudar enquanto a gente resistir em ver
Que
as coisas são sempre assim entre o que eu quero e o que você crê  
E nada vai mudar enquanto a gente resistir em ver

1x0

E quem vence?
Alguém.
E quem sou eu?
Alguém.
Escolha seu jogador.
Eu não sei se a vida vai rápido demais ou se sou eu que perdi a mobilidade...
O que sei é que já me atropelei nos próprios passos.
Não é fácil. É sabedoria que requer aprendizado.
Eu quero aprender.
O corpo é rápido, mas o coração não. O corpo anda no compasso da agenda. O coração anda é no compasso do amor miúdo. O corpo consegue dar passos largos. O coração sobrevive dos pequenos passos e de demoras. Eu já fui e voltei a inúmeros lugares e meu coração nem saiu do lugar. O mistério é saber reconciliar as partes.
Quero o direito de saborear o tempo como se fosse uma menina que perdeu a pressa.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Clarity

I worry
I weigh three times my body
I worry
I throw my fear around
But this morning
There's a calm I can't explain
The rock candy's melted, only diamonds now remain
 
And I will wait to find
If this will last forever
And I will wait to find
If this will last forever
And I will pay no mind
When it won't and it won't cause it can't
It just can't
(It's not supposed to)
 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

E se alguém tem que dar o primeiro passo
Mesmo que seja em direção à um mau caminho
Esse alguém vai ser eu

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Recado ao moços - Veronica H.

Vocês não sabem o que têm nas mãos
Tocam os seios sem saber que no meio bate um coração,
Beijam bocas sem ouvir o que elas têm a dizer,
Fixam os olhos sem perceber que por trás há uma mente inquieta.
São milhares de pensamentos e sentimentos que pulsam e se confundem,
Vocês deviam fazer mais que apenas assistir.

Tenho pena dos que não se arriscam,
Dos que não pulam e gostam do morno,
Dos que se conformam com piscinas rasas e vidas rasas também.
Tenho pena dos que vão embora cedo, dos que só viajam até a esquina,
Dos que pensam mil vezes antes de falar.

Vocês não sabem o que têm nas mãos.
E perdem amores por apostas,
Perdem companhia por desinformação e cumplicidade por medo.
Perdem tempo. O meu e o de vocês.

Bagagem de mão

Eu podia ter escolhido fazer qualquer coisa da minha.
Qualquer coisa.
Mas escolhi carregar você.

Levava você pra qualquer lugar que eu ia, te contava no meu íntimo tudo que eu fazia, fazia anotações de tudo que eu tinha vontade de te contar. Um dia, quem sabe, ele vai querer saber, eu pensava.
Coitada.
Tudo que eu achava era que um dia tinha sido especial pra você. Te dei tanto carinho, afeto, as vezes quando não tinha em mim. As vezes queria sumir, mas estava lá pra você. Achava que você estaria para mim também. Lembro o quanto pedi pra você nunca deixar de existir em mim mesmo que você não quisesse mais estar comigo. E agora vejo que você já tomou sua decisão há tanto tempo, e eu parecendo um cachorrinho daqueles, bem irritantes, continuava a ladrar por atenção. Não quer.
OK.
Acho que você não acreditou em mim quando eu disse que não podia mais fazer isso comigo mesma, mas é verdade. Não dá. Não dá mais pra me magoar ou sentir pena de mim mesma. O mundo é tão grande.
Vou deixar você seguir sua vida. Mas precisava falar aquilo. Precisava largar a mala.
A gente vai aprendendo a viver assim, na marra, no grito, no sufoco, no impulso. Eu quis mudar o mundo, quis ser brilhante, quis ser reconhecida. Hoje eu quero bem pouco e prefiro me concentrar no agora do que planejar um futuro incerto. Eu me libertei da culpa e dei de cara com algo novo: não me encaixo, e aceito. Não é justo perder as asas no momento em que se descobre tê-las. É preciso poder voar, é preciso ter uma visão estratégica das janelas. Ver o sol e não poder tê-lo é absurdo. Ter o amor e depois acostumar com a indiferença não dá.
Vai que um dia outro pássaro louco cruza teu caminho, eles dizem. Vai que. E eu me pego pensando se existe mesmo alguém em algum lugar capaz de acompanhar o ritmo destas asas. Vai que um dia ele aparece. Vai que.