Cada expectativa que eu te cobrava só servia para compensar as expectativas que você arrancou de mim. E de tanto esperar por algo que eu nunca tive, de um jeito louco eu vi minha mente clarear, como se tivesse despertado de um pesadelo tenebroso que durou tempo demais. A noite já corria solta quando li a minha alegria voltar. Por tanto tempo eu tinha vivido sozinha, sem expectativa de melhora, sem acreditar que eu era capaz de fazer alguma coisa só pra mim... Agora, um pouco feliz, pelo menos. Fiquei semanas brincando de boomerangue com as coisas que eu sentia, e algum poder seu sempre te trazia de volta pra mim. Mas de tanto te jogar, alguém viu: passou por nós no meio da nossa distância. Pegou você de mim em pleno vôo. Então me assustei porque o que eu senti por você parece ter sido levado também. Eu perdi o que senti por você. Confesso que deixei a porta aberta pra que tudo fugisse, confesso que fingi não ver tudo correr de mim. Não fui atrás. Estava cansada demais. Em todo o caso, eu coloquei fogo em todos os planos que imaginei no meu cérebro, só pra garantir. Apaguei nosso futuro colorido. Todas as lembranças se esvaem de mim, boas e ruins... Sei que mesmo se os nossos narizes tivessem olhos não conseguiriam ver logo embaixo deles que não somos da mesma espécie: que nossas mãos não se encaixam e que nossos pés jamais se encontrariam a noite. Com essa brisa de coragem que tomei no rosto, sei que sou capaz de alcançar qualquer pessoa, em qualquer lugar.
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