segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Metades do todo

Sinto falta das coisas inteiras. Quando eu podia ter tudo: piscava o olho e era tudo meu, tava tudo na minha mão. Ah, que saudade desse tempo! Tempo que eu vivia cheia... De felicidade, de preocupação, de dúvidas. Cheia de medos, de ócio e de prazer. Vivia cheia e tudo ao meu redor era cheio. Tudo era um todo. Pessoas se eram todas. Sorrisos completos. Dores que foram sentidas até a última pontada no estômago. Ausências repletas de saudade. Cheinhas. Hoje sou vazia. Sou só metade. Sou dividida em duas. Só consigo ter meias palavras, meias atitudes, meias desculpas, meias verdades, meias mentiras, meio peso na consciência, meio interesse, meias presenças, meias ausências. Sinto falta do todo. O pior é que sinto até falta das coisas ruins: pelo menos elas não ficavam no meio do caminho (até pra percorrer o caminho, só percorre metade...). Sinto falta. Mas nem sei se quero tudo de novo. Uma pessoa acostumada com metades nunca vai saber como lidar quando encontrar o todo novamente.

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