Ela queria falar, mas o medo não a deixava. E se ela sofresse? E se ela chorasse na frente dele? Nada mudaria pra ele. Ela seria só mais uma em que ele deu o fora, ela seria só mais uma que ele não permitiu que o tentasse fazer feliz. E ela ficou lá, sem chance, sem oportunidade, sem poder mostrar a ele que a garota que ele precisava tinha acabado de jogar fora. Mas todo dia morre um amor, não é? Quase nunca percebemos, mas todos os dias um amor morre. Às vezes de forma lenta, quase indolor, após anos de rotina. Às vezes de surto, como nas novelas, com direito a brigas incríveis, capazes de acordar todos os vizinhos. Ou morre em frente à televisão de uma quinta feira. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos. Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, mensagens que começam a rarear, beijos que esfriam ao longo do tempo. Morre da mais completa e letal estagnação. Todo dia morre um amor, embora relutemos em admitir. Porque nada é mais dolorido do que a constatação do fim. De saber que, mais uma vez, um amor morreu antes mesmo de florecer e frutificar. Porque, por mais que não queiramos aprender, a vida sempre tem algo pra nos ensinar. E esta é a lição. Todos os dias um amor é brutalmente morto. Com os olhares atentos do tédio, da indiferença, da traição, da desconfiança. Presentes devolvidos (ou simplesmente jogados fora), o silêncio insuportável depois de uma discussão: todo crime deixa vestígios.
Torcemos apenas pra que nem todos os amores morram. Fiquem alguns. Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, das contas a pagar, da paixão que vai minando com o decorrer dos anos, das calcinhas penduradas no chuveiro, das toalhas molhadas sobre a cama e das brigas que não levam a nada, ressuscitam a cada fim de dia e duram: teimosos, belos, cegos e intensos. Pelo menos na nossa imaginação.
Torcemos apenas pra que nem todos os amores morram. Fiquem alguns. Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, das contas a pagar, da paixão que vai minando com o decorrer dos anos, das calcinhas penduradas no chuveiro, das toalhas molhadas sobre a cama e das brigas que não levam a nada, ressuscitam a cada fim de dia e duram: teimosos, belos, cegos e intensos. Pelo menos na nossa imaginação.
que lindo!
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