Tenho medo de escrever. É perigoso demais. Quem já tentou, sabe o quanto é arriscado mexer no que está oculto dentro da alma, e do medo que dá de ler as entrelinhas de sua própria vida. Mas aí vem a adrenalina, meu caro. Um escritor (seja ele de livrarias famosas ou de cartas abandonadas no fundo do armário) tem uma visão muito diferente das coisas, quando postas no papel. Parece que o seu eu possuidor de uma caneta consegue transformar tudo em uma novela de capítulos bem mais interessantes. Quem escreve é necessitado, grita com as palavras para que os outros vejam a sua história, chama a atenção pra tudo aquilo que quer esconder: tímido, e sem querer ao mesmo tempo, extrovertido; é um reles, um depressivo. Nada paga a reação do leitor: o escritor dá seu bilhete de identidade, e para se ler tem de haver um olhar e o olhar pertence a uma pessoa, que tem uma história e se identifica. Não é só uma identidade, é uma unificação, um confessionário quase que criptografado: um desejo do escritor de ser menos carente, menos sozinho.
faloou e disse!
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